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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Resenha: A Menina Que Fazia Nevar

Título: A menina que fazia nevar
Páginas: 312
Autor: Grace McCleen
Editora: Paralela

Todos os dias se parecem na vida que Judith McPherson leva ao lado do pai. Eles têm uma rotina simples e reclusa, numa casa repleta de lembranças da mãe que ela nunca conheceu, e as únicas pessoas com quem convivem são os fiéis da igreja cristã a que pertencem. Judith não tem amigos na escola, onde é alvo de gozações, e para encontrar consolo se refugia no mundo de sucata que construiu em seu quarto. Lá, cada dia é um dia, e a vida pode ser incrivelmente feliz graças a sua imaginação. Basta acreditar que a Terra Gloriosa, como ela chama sua maquete, é realmente o paraíso prometido onde um dia vai viver ao lado da mãe. Aos dez anos, Judith vê o mundo com os olhos da fé, e onde os outros veem mero lixo, ela identifica sinais divinos e uma possibilidade de criar. Assim, constrói bonecos de pano e inventa para eles histórias felizes na Terra Gloriosa. O que nem Judith poderia imaginar é que talvez seu brinquedo seja mais do que uma simples maquete. Pelo menos é o que parece quando ela cobre a Terra Gloriosa de espuma de barbear e a cidade aparece coberta de neve na manhã seguinte. Um pequeno milagre, é assim que ela interpreta esse e outros sinais parecidos. Tão pequeno que muitas pessoas poderiam pensar que não passa de coincidência, mas Judith sabe que milagres nem sempre são grandes, e que reconhecê-los é um dom de poucas pessoas. Longe de ser benéfico, no entanto, esse poder traz consigo uma grande responsabilidade. Afinal, seria certo usar a Terra Gloriosa para se vingar de Neil Lewis, o colega que a maltrata todos os dias na escola? 

Na época que esse livro foi lançado, eu demorei um pouco para ler, nem pensava em lê-lo, até que um dia meu pai me deu por coincidência e a partir daí esse livro praticamente transformou meus dias e meu modo de pensar em muitas coisas. Uma das frases que me chamou bastante atenção no livro foi essa da página 33:
Tudo é possível, em todos os tempos e em todos os lugares e para todos os tipos de gente. Se você acha que não, e só porque não consegue ver como está perto, como só precisa fazer uma coisinha que tudo vai começar a acontecer para você. Milagres não têm que ser coisas grandes e podem acontecer nos lugares mais improváveis; os milagres dão mais certo com as coisas mais simples. - p.33

A capa dele é muito bonita onde você nem consegue imaginar para onde esse livro irá te levar. A autora começa o livro de uma forma delicada onde você já pensa em alguma coisa um pouco mágica, mas que na verdade não tem nada a ver. Eu não o li rapidamente, era um pouco a cada dia, você não consegue ler mais que isso. Ele tem uma sutileza que acaba te prendendo depois de um tempo e fazendo com que você leia cada vez mais, e não o pouquinho a cada dia como fazia. Mas depois você começa a perceber que essa história não é feita apenas de sutileza e delicadeza, você vê também o resto por trás da história o que faz você se surpreender.

A protagonista da história chama muito sua atenção desde o começo. Judith é uma menina muito madura para idade, mas mesmo assim sofre com a crueldade de outras crianças. Seu pai é um grande religioso, então os dias deles são feitos e dedicados totalmente á pregar a palavra de Deus. Judith em todos os momentos difíceis que passa, recorre á Deus e constrói em seu quarto a Terra Gloriosa, uma maquete feita de sucata representando a cidade onde mora. A partir dessa maquete e do uso de sua imaginação, Judith começa a passar por provações, onde a sua fé se mostra verdadeira. Sua história é uma daquelas em que tudo dá errado em sua vida, mas mesmo assim a menininha mostra que continuar crendo é a melhor solução. A fé de Judith é o que mais se ressalta no livro, mostrando o quanto ela precisa de ajuda.

Uma das coisas que gostei bastante no livro é como a autora mostra as pequenas ajudas que Judith recebe, as pequenas coisas que fazem grande diferença na vida dela. Sua relação com seu pai é uma das melhores coisas do livro, em que mostra como ela se desenvolve de forma bonita. O livro é religioso e faz você pensar muito depois que o lê, e até mesmo enquanto está lendo. Por fim ele mostra que a fé é a arma para tudo, e que é preciso ter e saber usá-la. É um dos meus livros preferidas hoje, pelo o que ele se tornou pra mim. Me assustou muito e ainda me assusta em pensar nele e na dúvida que ficou comigo depois de lê-lo. Mas vale muito a pena, e eu leria de novo.

Frases:

"Os milagres não tem que ser coisas grandes e podem acontecer nos lugares mais improváveis. Podem acontecer no céu ou em um campo de batalha ou em uma cozinha no meio da noite. Você não precisa nem acreditar que milagres são possíveis para eles acontecerem (...)"

"A fé é igual à imaginação. Ela vê uma coisa onde não há nada, dá um salto e de repente você está voando."


"No princípio, era um quarto vazio, um pouquinho de espaço, um pouquinho de luz, um pouquinho de tempo."


"Aprendi que nada é impossível e que só parece impossível porque ainda não tinha acontecido."


xoxo C.

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